Neste soneto, meu amor, eu digo,  
Um pouco à moda de Tomás Gonzaga,  
Que muita coisa bela o verso indaga  
Mas poucos belos versos eu consigo.  
Igual à fonte escassa no deserto,  
Minha emoção é muita, a forma, pouca.  
Se o verso errado sempre vem-me à boca,  
Só no peito vive o verso certo.  
Ouço uma voz soprar à frase dura  
Umas palavras brandas, entretanto,  
Não sei caber as falas de meu canto  
Dentro de forma fácil e segura.  
E louvo aqui aqueles grandes mestres  
Das emoções do céu e das terrestres.



Paulo Mendes Campos